Aluísio de Azevedo
Aluísio de Azevedo
2010-07-25 21:36
Filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo,ainda jovem, enviuvara-se em boda anterior, e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães, que se separara de um rico comerciante português, assiste Aluísio, em garoto, ao desabono da sociedade maranhense à união paternal contraída sem segundas núpcias, algo que se configura grande escândalo à época. Foi Aluísio, irmão mais novo do dramaturgo e jornalista Artur Azevedo, com o qual ,em parceria, viria a esboçar peças teatrais.
Ainda em petiz revela pendores para o desenho e para a pintura, dom o qual mais tarde lhe auxiliará a produção literária. Concluindo preparatórios
Com o falecimento do pai em 1879 volta ao Maranhão para sustentar a família, onde, instigado por dificuldades financeiras, finalmente dá início à atividade literária, publicando Uma Lágrima de Mulher no ano seguinte. Em 1881, ano dentre a crescente efervescência abolicionista, publica o romance O Mulato, obra que resulta em chocar a sociedade por seu modo cru de desnudar a questão racial. O autor demonstra-se abolicionista convicto.
Diante da reação hostil da província, obtendo sucesso com obra à corte considerada exemplo da escola naturalista, volta à capital imperial onde incessantemente produz romances, contos, crônicas e peças teatrais.
Sua obra é tida na conta de irregular por diversos críticos, uma vez a produção oscile entre o Romantismo de tons melodramáticos, de cunho comercial para o grande público, e o Naturalismo já em obras mais elaboradas, deixando a marca de precursor do movimento.
Feito diplomata em 1895 deixa definitivamente da pena, indo servir à Espanha, Inglaterra, Itália, Japão (do qual fez apontamentos antevidentes e singulares), Paraguai e Argentina. Em 1910, feito já cônsul de primeira classe, instala-se em Buenos Aires, onde, passados quase três anos, vem a falecer deixando esposa e os dois filhos desta.
Contribuições
- Inaugurou Aluísio a estética do naturalista no Brasil com a publicação do romance "O mulato" (1881). É também autor de outros romances de mesma estética, "Casa de pensão" (1884), "O cortiço" (1890) e outros.
- Tendo por influência escritores naturalistas europeus, dentre eles Émile Zola, por tal ótica capta a mediocridade rotineira, a vida dos sestros, os preconceitos e mesmo taras individuais, opção contrária à dos românticos precedentes.
- Fazem-se veementemente presentes em sua obra certos traços fundamentais do Naturalismo, quais sejam a influência do meio social e da hereditariedade na formação dos indivíduos, também o fatalismo. Em Aluísio "a natureza humana afigura-se-lhe uma certa selvageria onde os fortes comem os fracos", afirma o crítico Alfredo Bosi.
Obras
- Uma Lágrima de Mulher, novela (1880)
- O Mulato, novela (1881)
- Mistério da Tijuca ou Girândola de Amores, novela (1882)
- Memórias de um Condenado ou Condessa Vésper, novela (1882)
- Casa de Pensão, novela (1884)
- Filomena Borges, novela (1884)
- O Homem, novela (1887)
- O Cortiço, novela (1890)
- O Coruja, novela (1890)
- A Mortalha de Alzira, novela (1894)
- Demônios, contos (1895)
- O Livro de uma Sogra, novela (1895)
- O Japão, publicado, a partir de manuscritos encontrados na Academia Brasileira de Letras (1894)
- O Bom Negro, crônica
- Os Doidos, peça
- Casa de Orates, peça
- Flor de Lis, peça
- Em Flagrante, peça
- Caboclo, peça
- Um Caso de Adultério, peça
- Venenos que Curam, peça
- República, peça
- O Esqueleto, não obstante publicado em recente versão de suas obras completas, organizadas por Nogueira Jr., não é de autoria de Aluísio Azevedo senão da de Olavo Bilac e de Pardal Mallet.
Academia Brasileira de Letras
Aluísio Azevedo foi um dos fundadores do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a cadeira 4, que tem por patrono Basílio da Gama