Aluísio de Azevedo

25-07-2010 22:08

 

Aluísio de Azevedo

2010-07-25 21:36

 

Filho do vice-cônsul português David Gonçalves de Azevedo,ainda jovem, enviuvara-se em boda anterior, e de D. Emília Amália Pinto de Magalhães, que se separara de um rico comerciante português, assiste Aluísio, em garoto, ao desabono da sociedade maranhense à união paternal contraída sem segundas núpcias, algo que se configura grande escândalo à época. Foi Aluísio, irmão mais novo do dramaturgo e jornalista Artur Azevedo, com o qual ,em parceria, viria a esboçar peças teatrais.

Ainda em petiz revela pendores para o desenho e para a pintura, dom o qual mais tarde lhe auxiliará a produção literária. Concluindo preparatórios em São Luís do Maranhão, transfere-se em 1876 para o Rio de Janeiro, onde prossegue estudos na Academia Imperial de Belas-Artes, obtendo, a título de subsistência imediata, ofício de colaborador caricaturista de jornais.

Com o falecimento do pai em 1879 volta ao Maranhão para sustentar a família, onde, instigado por dificuldades financeiras, finalmente dá início à atividade literária, publicando Uma Lágrima de Mulher no ano seguinte. Em 1881, ano dentre a crescente efervescência abolicionista, publica o romance O Mulato, obra que resulta em chocar a sociedade por seu modo cru de desnudar a questão racial. O autor demonstra-se abolicionista convicto.

Diante da reação hostil da província, obtendo sucesso com obra à corte considerada exemplo da escola naturalista, volta à capital imperial onde incessantemente produz romances, contos, crônicas e peças teatrais.

Sua obra é tida na conta de irregular por diversos críticos, uma vez a produção oscile entre o Romantismo de tons melodramáticos, de cunho comercial para o grande público, e o Naturalismo já em obras mais elaboradas, deixando a marca de precursor do movimento.

Feito diplomata em 1895 deixa definitivamente da pena, indo servir à Espanha, Inglaterra, Itália, Japão (do qual fez apontamentos antevidentes e singulares), Paraguai e Argentina. Em 1910, feito já cônsul de primeira classe, instala-se em Buenos Aires, onde, passados quase três anos, vem a falecer deixando esposa e os dois filhos desta.

 Contribuições

  • Inaugurou Aluísio a estética do naturalista no Brasil com a publicação do romance "O mulato" (1881). É também autor de outros romances de mesma estética, "Casa de pensão" (1884), "O cortiço" (1890) e outros.
  • Tendo por influência escritores naturalistas europeus, dentre eles Émile Zola, por tal ótica capta a mediocridade rotineira, a vida dos sestros, os preconceitos e mesmo taras individuais, opção contrária à dos românticos precedentes.
  • Fazem-se veementemente presentes em sua obra certos traços fundamentais do Naturalismo, quais sejam a influência do meio social e da hereditariedade na formação dos indivíduos, também o fatalismo. Em Aluísio "a natureza humana afigura-se-lhe uma certa selvageria onde os fortes comem os fracos", afirma o crítico Alfredo Bosi.

Obras

  • Uma Lágrima de Mulher, novela (1880)
  • O Mulato, novela (1881)
  • Mistério da Tijuca ou Girândola de Amores, novela (1882)
  • Memórias de um Condenado ou Condessa Vésper, novela (1882)
  • Casa de Pensão, novela (1884)
  • Filomena Borges, novela (1884)
  • O Homem, novela (1887)
  • O Cortiço, novela (1890)
  • O Coruja, novela (1890)
  • A Mortalha de Alzira, novela (1894)
  • Demônios, contos (1895)
  • O Livro de uma Sogra, novela (1895)
  • O Japão, publicado, a partir de manuscritos encontrados na Academia Brasileira de Letras (1894)
  • O Bom Negro, crônica
  • Os Doidos, peça
  • Casa de Orates, peça
  • Flor de Lis, peça
  • Em Flagrante, peça
  • Caboclo, peça
  • Um Caso de Adultério, peça
  • Venenos que Curam, peça
  • República, peça
  • O Esqueleto, não obstante publicado em recente versão de suas obras completas, organizadas por Nogueira Jr., não é de autoria de Aluísio Azevedo senão da de Olavo Bilac e de Pardal Mallet.

Academia Brasileira de Letras

Aluísio Azevedo foi um dos fundadores do Sodalício Brasileiro, onde ocupou a cadeira 4, que tem por patrono Basílio da Gama